sábado, 31 de julho de 2021

Castelo de Alcanede

 


Acredita-se que a primitiva ocupação humana deste sítio remonta a um castro pré-histórico. No contexto da invasão romana da Península Ibérica, a região foi por estes ocupada em 49 a.C., posteriormente sucedidos por Muçulmanos, embora não hajam testemunhos consistentes de uma fortificação no local do castelo em qualquer desses momentos.


À época da Reconquista cristã da região, a área foi tomada pelo conde D. Henrique em 1091, sendo novamente recuperada pelos Muçulmanos. A sua posse definitiva foi assegurada no século XII por D. Afonso Henriques, no contexto das conquistas de Santarém e Lisboa em 1147, tendo o soberano outorgado foral à povoação em 1163, segundo documento de Santa Cruz de Coimbra, e mandando-a povoar por D. Gonçalo Mendes de Sousa, o Bom, seu mordomo-mor. Ainda neste reinado, em 1179, os homens de Alcanede ajudaram o soberano a desbaratar a invasão Almóada, na serra da Mendiga.
O castelo e os seus domínios foram doados por Sancho I de Portugal aos freires de Santa Maria de Évora (Milícia de Santa Maria de Évora, posteriormente Ordem de Avis) em 1187.


O Rei Dinis I de Portugal confirmou a doação desse património à Ordem de São Bento de Avis em 1300 e em 1318. Datarão deste reinado algumas das estruturas mais importantes do castelo, como a torre de menagem, coroada por merlões.


Sob o reinado de Fernando I de Portugal, em 1370 o castelo recebeu obras, nomeadamente nas frontarias, construção de cavas, cubelos e barbacãs, razão pela qual o soberano dispensou os moradores da vila de servir nas obras da muralha de Santarém. 

O mesmo soberano nomeou como alcaide-mor do Castelo de Alcanede a Vasco Pires de Camões, fidalgo de origem galega, alegado ascendente de Luís de Camões. Por ser partidário de Castela, após a vitória de Aljubarrota, Vasco Pires de Camões veio a ser despojado dos seus senhorios, sendo certo que, no contexto da crise de sucessão de 1383-1385, o povo de Alcanede levantou-se a favor do Mestre de Avis. O novo alcaide, Álvaro Vasques, integrou as forças portuguesas que combateram em território de Castela.


O castelo terá servido de prisão, conforme o testemunha uma carta de perdão passada por Afonso V de Portugal datada de 1446.
Nos finais do século XV são, uma vez mais, empreendidas obras de manutenção no castelo, como parece decorrer do ato de confirmação de João II de Portugal da anterior Carta de D. Fernando relativa à isenção de trabalho nas obras da muralha de Santarém (1487). O mesmo será também confirmado por Don Manuel I de Portugal, que outorgou simultaneamente a esta vila e à de Pernes o "Foral Novo" (22 de dezembro de 1514). Nesse período, este soberano custeou parte das obras no castelo e na igreja matriz da vila.


Subsistem duas descrições do castelo, correspondentes às "Visitações da Ordem de Avis à Comenda de Alcanede", de 1516 e 1538, transcritas por Simão Froes de Lemos. 

Através da visitação de 1538 é possível sabermos que o castelo foi arruinado pelo grande sismo de 28 de fevereiro de 1531 (que afetou toda a Estremadura portuguesa), situação em que se manteve até à sua reconstrução no século XX.


(39°25'1.79"N 08°49'17.48"W) Castelo - Alcanede - Santarém – Região Centro - Portugal

 

Foto@Daniel Jorge






Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.