quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Sarzedas - O encanto das aldeias de Xisto

 


A aldeia de Xisto de Sarzedas, está situada na “zona raiana”, tendo por limites, a Norte, a serra da Gardunha e, a Sul, o rio Tejo. Está situada à beira daquela que foi, desde o séc. XVIII e até grande parte do séc. XX, a principal estrada de Castelo Branco para Proença-a-Nova, Sertã, Abrantes/Lisboa e Coimbra.


O material de construção predominante é o xisto. Nas fachadas e muros não rebocadas verificamos que o aparelho de xisto integra - tal como em outras Aldeias do Xisto - calhau rolado de tons claros, de quartzo leitoso ou quartzito. Nalguns casos também taipa. 

O granito é frequentemente utilizado em alguns vãos (ombreiras, padieiras, soleiras e peitoris). Hoje em dia a grande maioria das fachadas encontra-se rebocada e pintada, nalguns casos utilizando cores garridas em decorações características da Beira Baixa.


A aldeia de Sarzedas teve um título nobiliárquico atribuído por carta régia de Filipe III em 1630 e que passou por nove titulares, vindo a terminar com a morte da última condessa por não ter sucessores directos em 1748, a partir desta data a vila de Sarzedas e o seu termo foram integrados nos bens da Coroa. Os Condes de Sarzedas tiveram a sua moradia no Palácio da Palhavã, em Lisboa, edifício actualmente ocupado pela embaixada de Espanha.


Mas a História documentada de Sarzedas, começa em 1210, quando D. Sancho I “O Povoador”, solicita ao concelho da Covilhã, um herdamento (uma herança) dentro do seu termo para o monarca entregar ao seu filho bastardo, D. Gil Sanches e ao clérigo fidalgo, D. Paio Pais, seu arcediago. 

O concelho da Covilhã - que tinha recebido o seu foral do mesmo rei em 1186 - responde: "Eu o alcaide e nós os alcades do concelho da Covilhã vimos as cartas do senhor rei Sancho, noas quais nos mandava pedir um herdamento com terras para seu filho D. Gil Sanches e para Pero Pais, devendo ambos possuí-lo ao meio. 

Demo-lo como o senhor rei manda, para que povoem, criem e lavrem, e sejam reconhecidos por moradores dentro do termo da Covilhã." A Covilhã cedeu o território de Sarzedas e D. Gil Sanches foi Senhor de Sarzedas conjuntamente com Paio Pais, concedendo-lhe foral* em 1212, segundo os costumes da Covilhã, para a restaurar e povoar.


Já em 1762 - com Portugal envolvido na Guerra dos Sete Anos, esta região foi invadida pelos exércitos franco-espanhóis, e Sarzedas foi ocupada, tendo sido aqui que o general invasor, o espanhol Conde de Aranha, estabeleceu o seu quartel.


No início do séc. XIX Sarzedas sofre novamente os horrores da guerra, quando Napoleão decide invadir Portugal. A 22 de Novembro de 1807 a Divisão Loison entrou em Sarzedas. A lista de crimes, saques, incêndios e roubos dá uma triste celebridade à povoação: entre outras atrocidades e sacrilégios destruíram o interior e bens da Igreja Matriz. De novo em 06 de Julho de 1808 passam por Sarzedas as tropas napoleónicas arrombando e despojando a igreja matriz, tal como em 1807.


Em 1848, com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira, o então concelho de Sarzedas foi extinto.
(Informações da página Oficial das Aldeias de Xisto)


(39°51'1.21"N 7°41'4.42"W), R. Conde Sarzedas – Sarzedas – Castelo Branco -Beira Baixa - Região Centro – Portugal

 

Foto@ Daniel Jorge

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