A palavra azulejo vem do árabe azzelij, que significa pequena pedra polida usada para desenhar mosaico bizantino do Próximo Oriente.
É comum, no entanto, relacionar-se o termo com a palavra azul (termo persa لاژور lazkward, lápis-lázuli) dado grande parte da produção portuguesa de azulejo, caracterizar-se pelo emprego maioritário desta cor. Mas a origem da palavra é árabe.
Este termo designa uma peça de cerâmica de pouca espessura, geralmente, quadrada (originalmente fabricada nas medidas 15×15 ou menores formatos), em que uma das faces é vidrada, resultado da cozedura de um revestimento geralmente denominado como esmalte, que se torna impermeável e brilhante.
Santarém - Fotos de Libório Manuel Silva
Devido a essa impermeabilidade era, geralmente, usado em
áreas molhadas também pelo seu baixo custo e pela resistência. Esta face
pode ser monocromática ou policromática, lisa ou em relevo.
O
azulejo é normalmente, utilizado em grande número como elemento
associado à arquitectura em revestimento de superfícies interiores ou
exteriores ou como elemento decorativo isolado.
Os temas
oscilam entre os relatos de episódios históricos, cenas mitológicas,
iconografia religiosa e uma vasta gama de elementos decorativos
espalhados em muitos temas (geométricos, vegetarianos etc) aplicados à
parede, pavimentos e tectos de palácios, jardins, edifícios religiosos
(igrejas, conventos), de habitação e públicos.
Nas igrejas, o
azulejo reveste todas as superfícies, mesmo tectos e abóbadas, e
observa-se um complemento estético entre a talha dourada do período
barroco português e as molduras ondulantes do azulejo.
Igreja de Cortegaça, Ovar. © Ale Baeta
Com diferentes características entre si, este material tornou-se um elemento de construção divulgado em diferentes países, assumindo-se em Portugal como um importante suporte para a expressão artística nacional ao longo de mais de cinco séculos, onde o azulejo transcende para algo mais do que um simples elemento decorativo de pouco valor intrínseco.
Este material convencional era usado, além do seu baixo custo, pelas suas fortes possibilidades de qualificar esteticamente um edifício de modo prático. Mas nele se reflecte, além da luz, o repertório do imaginário português, a sua preferência pela descrição realista, a sua atracção pelo intercâmbio cultural.
De forte sentido cenográfico descritivo e monumental, o azulejo é considerado hoje como uma das produções mais originais da cultura portuguesa, onde se dá a conhecer como num extenso livro ilustrado de grande riqueza cromática, não só a história, mas também a mentalidade e o gosto de cada época.
Em Lisboa o Azulejo ultrapassou largamente a mera função
utilitária ou o seu destino de Arte Ornamental, e atingiu o estatuto
transcendente de Arte enquanto intervenção poética na criação das
arquitecturas e das cidades.
A utilização do azulejo e sua
fabricação são as expressões mais fortes da Cultura em Portugal e uma
das contribuições mais originais do génio dos portugueses para a Cultura
Universal.
Santuário de Nª. Sra. dos Remédios - Sé, Lamego.
Uma breve história da azulejaria portuguesa Depois do
terramoto de 1755, a reconstrução de Lisboa vai impor outro ritmo na
produção de azulejos de padrão, hoje designados pombalinos, usados para
decoração dos novos edifícios. Os azulejos são fabricados em série,
combinando técnicas industriais e artesanais.
Fábrica Viúva Lamego
Nos finais do século XVIII, o azulejo deixa de ser
exclusivo da nobreza e do clero, a burguesia abastada faz as primeiras
encomendas para as suas quintas e palácios, os painéis contam por vezes a
história da família e até da sua ascensão social, como se vê no
conjunto intitulado “História do Chapeleiro António Joaquim Carneiro”,
exposto no museu Nacional do Azulejo”.
A partir do século XIX, o
azulejo ganha mais visibilidade, sai dos palácios e das igrejas para as
fachadas dos edifícios, numa estreita relação com a arquitectura.
Palácio de Fronteira
A paisagem urbana ilumina-se com a luz reflectida nas
superfícies vidradas. A produção azulejar é intensa, são criadas novas
fábricas em Lisboa, Porto e Aveiro. Mais tarde, já em pleno século XX, o
azulejo entra nas estações de caminho de ferro e metro, alguns
conjuntos são assinados por artistas consagrados.
A tradição fez-se ainda mais popular, apresentando-se como solução decorativa para cozinhas e casas-de-banho, numa prova de resistência, inovação e renovação desta pequena peça de cerâmica.
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